Eu quero a sorte de um amor inquieto - Ricardo MenesesEu quero a sorte de um amor inquieto que não fique a espera do outro que não se acomode com a rotina do tempo que não se jugue o suficiente que queira mais que busque mais que corra atrás. Eu quero a sorte de um amor inquieto que nunca desista ante o primeiro obstaculo que se jogue sem medo da felicidade que não desanime e encare a verdade que viva mais que seja mais que queira paz. Eu quero a sorte de um amor inquieto que lute por tudo que acredita que não mude só porque dele falam que também nas dores tenha alegria porque ama mais porque vive mais porque corre atrás. Fonte: http://www.rmnove.com Soneto a Vera - Alberto da Costa e SilvaEstavas sempre aqui, nesta paisagem. E nela permaneces, neste assombro do tempo que só é o que já fomos, um céu parado sobre o mar do instante. Vives subitamente em despedida, calma de sonhos, simples visitante daquilo que te cerca e do que fica imóvel no que é breve, pouco e humano. As regatas ao sol vêm da penumbra onde abria as janelas. E de então, vou ao campo de trevo, à tua espera. O que passa persiste no que tenho: a roupa no estendal, o muro, os pombos, tudo é eterno quando nós o vemos. Fonte: http://www.citador.pt Ainda bem... - Ricardo MenesesAinda bem que sabe
Que os meus olhos te procuram Que meu desejo te espera Que me meus passos te buscam Que meu mundo precisa de ti. Ainda bem que sabe Que meu coração deseja Minha boca sonha Minha vida espera Tua presença perto de mim. Ainda bem que sabe Que meus braços querem teus abraços Que minhas mãos desejam as suas Que meu corpo espera o teu Que meu desejo é que sejamos um Ainda bem que sabe... Ainda bem que entende... Ainda bem... Fonte: http://www.rmnove.com Tenho tanto sentimento - Fernando PessoaTenho tanto sentimento Que é frequente persuadir-me De que sou sentimental, Mas reconheço, ao medir-me, Que tudo isso é pensamento, Que não senti afinal. Temos, todos que vivemos, Uma vida que é vivida E outra vida que é pensada, E a única vida que temos É essa que é dividida Entre a verdadeira e a errada. Qual porém é a verdadeira E qual errada, ninguém Nos saberá explicar; E vivemos de maneira Que a vida que a gente tem É a que tem que pensar. Fonte: http://www.citador.pt/poemas Amor Pacífico e Fecundo - Rabindranath TagoreNão quero amor que não saiba dominar-se, desse, como vinho espumante, que parte o copo e se entorna, perdido num instante. Dá-me esse amor fresco e puro como a tua chuva, que abençoa a terra sequiosa, e enche as talhas do lar. Amor que penetre até ao centro da vida, e dali se estenda como seiva invisível, até aos ramos da árvore da existência, e faça nascer as flores e os frutos. Dá-me esse amor que conserva tranquilo o coração, na plenitude da paz! Fonte: http://www.citador.pt/poemas Quando nas Mãos de Amor me Vi Sujeito - João Xavier de MatosQuando nas mãos de amor me vi sujeito, A razão em mil erros consentindo, Jurei de nunca mais, em lhe fugindo, Sujeitar-me a seu bárbaro preceito. Ora pude escapar-lhe, e ver desfeito O duro laço, que me andara urdindo, Até que pouco a pouco fui sentindo De novas chamas inflamar-se o peito. Olhando então por mim, achei quebrada A ligeira promessa, a um brando rogo, Por minha própria mão sacrificada; Que juras contra amor, por desafogo, São votos de tormenta já passada, Que depois de serena, esquecem logo. Fonte: http://www.citador.pt Eu sei que vou te amar - Vinicius de MoraesEu sei que vou te amar Por toda a minha vida eu vou te amar Em cada despedida eu vou te amar Desesperadamente Eu sei que vou te amar E cada verso meu será pra te dizer Que eu sei que vou te amar Por toda a minha vida Eu sei que vou chorar A cada ausência tua eu vou chorar, Mas cada volta tua há de apagar O que essa ausência tua me causou Eu sei que vou sofrer A eterna desventura de viver a espera De viver ao lado teu Por toda a minha vida. Fonte: https://www.culturagenial.com Futuros amantes - Chico BuarqueNão se afobe, não Que nada é pra já O amor não tem pressa Ele pode esperar em silêncio Num fundo de armário Na posta-restante Milênios, milênios No ar E quem sabe, então O Rio será Alguma cidade submersa Os escafandristas virão Explorar sua casa Seu quarto, suas coisas Sua alma, desvãos Sábios em vão Tentarão decifrar O eco de antigas palavras Fragmentos de cartas, poemas Mentiras, retratos Vestígios de estranha civilização Não se afobe, não Que nada é pra já Amores serão sempre amáveis Futuros amantes, quiçá Se amarão sem saber Com o amor que eu um dia Deixei pra você Fonte: https://www.culturagenial.com Saudades - Florbela EspancaSaudades! Sim.. talvez.. e por que não?... Se o sonho foi tão alto e forte Que pensara vê-lo até à morte Deslumbrar-me de luz o coração! Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão! Que tudo isso, Amor, nos não importe. Se ele deixou beleza que conforte Deve-nos ser sagrado como o pão. Quantas vezes, Amor, já te esqueci, Para mais doidamente me lembrar Mais decididamente me lembrar de ti! E quem dera que fosse sempre assim: Quanto menos quisesse recordar Mais saudade andasse presa a mim! Fonte: http://www.citador.pt Ainda que Mal - Carlos Drummond de AndradeAinda que mal pergunte, ainda que mal respondas; ainda que mal te entenda, ainda que mal repitas; ainda que mal insista, ainda que mal desculpes; ainda que mal me exprima, ainda que mal me julgues; ainda que mal me mostre, ainda que mal me vejas; ainda que mal te encare, ainda que mal te furtes; ainda que mal te siga, ainda que mal te voltes; ainda que mal te ame, ainda que mal o saibas; ainda que mal te agarre, ainda que mal te mates; ainda assim te pergunto e me queimando em teu seio, me salvo e me dano: amor. Fonte: http://www.citador.pt |
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